DEPOIMENTOS

Em 1974, o processo histórico de “personificação”, em contraposição à visão massificada, ainda engatinhava. Este árduo caminho ganhou um impulso quando Claude Lanzmann começou seu trabalho visionário de captação de testemunhos, que deu origem ao filme “Shoah”.

A gravação de depoimentos inspirou instituições, inclusive no Brasil. No início dos anos 1990, por iniciativa de outro diretor, Steven Spielberg, foi criada a USC Shoah Foundation Institute for Visual History and Education, organização sem fins lucrativos com o objetivo de gravar depoimentos de sobreviventes e outras testemunhas do Holocausto. Entre 1994 e 1999, a Fundação realizou aproximadamente 52 mil entrevistas em 56 países e em 32 idiomas. Dentre os entrevistados, sobreviventes judeus, Testemunhas de Jeová, pessoas LGBTQIA+, libertadores e testemunhas, presos políticos, ciganos roma e sinti e sobreviventes de políticas de eugenia. 

Segundo a pesquisadora Kátia Lerner, trata-se de um projeto totalizador de memória, o que o torna particular e distinto de outras iniciativas. Para ela, a singularidade está ligada, além da minuciosa indexação, ao “esforço na busca pela coleta de informação do maior número possível de pessoas, em todo e qualquer lugar do mundo”.

No Brasil, o grupo responsável pela gravação foi coordenado pela professora Anita Pinkuss, tendo captado mais de 800 entrevistas. Desde 2005, todo o gerenciamento é feito pela University of Southern California, que passou a trabalhar com outros genocídios, como o de Ruanda, ocorrido em 1994.

Em 2011, o Museu do Holocausto de Curitiba recebeu a autorização para uso educativo dos primeiros testemunhos. Em 2021, no âmbito da Rede Latino-americana para o Ensino da Shoá (Rede LAES), novos acordos foram formados. Abaixo, uma amostra deste material.